sábado, 31 de março de 2012

As Bênçãos do Seminário

As Bênçãos do Seminário


No mundo todo, o seminário traz jovens como você para mais perto de Jesus Cristo.
Você não está sozinho em sua decisão de frequentar o seminário. Em todo o mundo, centenas de milhares de jovens fazem do seminário uma parte de sua vida, indo para as aulas de ônibus, canoa, bicicleta ou por outro meio. Alguns jovens acordam cedo e percorrem grandes distâncias para chegar no horário, outros fazem a jornada à noite, e outros estudam em casa vários dias da semana.
A frequência ao seminário exige sacrifício, mas há jovens no mundo inteiro que estão descobrindo que a participação no seminário vale todo o esforço. E aqueles que participam têm algo em comum: suas experiências pessoais com o seminário os aproximam do Salvador e de nosso Pai Celestial.

Receber as Bênçãos Prometidas

Por que o seminário é tão importante para você? Alguns dos motivos incluem estas promessas feitas por profetas e apóstolos modernos:
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    Ele “será uma dádiva enviada por Deus para a salvação da Israel moderna em uma época extremamente desafiadora”.1
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    Isso “vai prepará-los para apresentar a mensagem do evangelho restaurado àqueles que vocês tiverem a oportunidade de conhecer.”2
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    Ele o ajuda a “adquirir uma compreensão vital da verdade”.3
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    O seminário “dá-lhes oportunidades maravilhosas de aprenderem as doutrinas que lhe trarão felicidade. Dá-lhes grandes chances de se relacionarem socialmente com pessoas iguais a vocês”.4
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    “Seu conhecimento do evangelho será ampliado. Sua fé será fortalecida. Você fará amizades e conviverá com pessoas excelentes.”5
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    “Ele proporciona (…) enriquecimento espiritual, força moral para resistir ao mal que nos cerca por todos os lados, bem como um tremendo aumento de conhecimento do evangelho.”6
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    É “um dos melhores meios de preparar-se para a missão”.7

Encontrar um Meio de Frequentar

Para encontrar tempo para frequentar o seminário, em geral será preciso abrir mão de outra coisa que você gosta de fazer. Mas é um sacrifício que vale a pena. Elijah Bugayong, das Filipinas, decidiu tomar essa decisão em seu último ano do ensino médio. Durante toda a escola secundária, ela sempre foi a segunda da classe. Estava determinada a ser a primeira em seu último ano e tinha até cogitado deixar de frequentar o seminário, como fizera nos anos anteriores, para atingir sua meta.
Então, um dia, seu modo de pensar mudou. “[Olhei para minha] mesa de estudos”, disse ela. “Vi uma pilha de livros ao lado, minha combinação quádrupla junto com meu caderno e manual do seminário. Perguntei bem do fundo do coração: ‘O que é mais importante?’”
Elijah encontrou sua resposta em Mateus 6:33: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Ela decidiu frequentar fielmente o seminário e encontrar outros modos de equilibrar seu tempo para dedicar-se a suas atividades acadêmicas. No final do ano, ela foi nomeada representante da turma e até ganhou uma bolsa para a faculdade.
Spencer Douglas, de Alabama, EUA, decidiu deixar de frequentar alguns eventos sociais para poder tirar melhor proveito do seminário. Em seus dois primeiros anos de seminário, acordava às 4 horas da manhã para frequentar e nos dois últimos anos, às 5 horas. Ele diz: “Eu não podia participar de muitas atividades que iam até tarde da noite com meus amigos porque precisava me deitar cedo. Se não fizesse isso, não poderia participar plenamente e aprender na manhã seguinte”. Para Spencer, não era apenas estar presente na aula que importava, mas também estar desperto e preparado para aprender.
Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou: “O mero fato de algo ser bom não quer dizer que tem que ser feito. O número de coisas boas que poderiam ser realizadas ultrapassa em muito o tempo disponível para sua execução. Algumas coisas são melhores, e são elas que merecem atenção prioritária em nossa vida”.8 Esse é um conselho importante de ser lembrado ao decidir que prioridade dar ao seminário em sua agenda.

Preparação para a Missão

O seminário também é uma ótima preparação para o trabalho missionário que você vai fazer — como membro missionário hoje e também quando servir como missionário de tempo integral no futuro. Franco Huamán Curinuqui, do Peru, sabe que seu estudo das escrituras no seminário o ajudou a preparar-se para a missão.
Ele diz que essa preparação vale todo o sacrifício de ter que acordar às 4 horas para assistir ao seminário, andar de canoa nos meses em que a região ficava inundada e até caminhar na lama para chegar às aulas. Ele diz: “Quero terminar o seminário e começar o curso do instituto para estar preparado para a missão. Vou continuar a crescer na Igreja”. O seminário é importante para ele porque ele aprende a respeito das escrituras e decora versículos importantes, que vão ajudá-lo a ser um missionário melhor.

Ser Abençoado em Todos os Aspectos da Vida

Ao se esforçarem para frequentar o seminário, os jovens do mundo inteiro recebem forças em muitos outros aspectos além do estudo das escrituras. Cameron Lisney, da Inglaterra, descobriu que foi abençoado em todas as áreas de sua vida. “O seminário não apenas ajuda com o lado espiritual das coisas, mas também ajuda na escola e nos estudos”, garante Cameron.
Ele diz que “começar o dia cedo faz com que seu cérebro funcione melhor. Alguns de meus amigos disseram que estavam atarefados demais para participar. Ora, com certeza eles não vão estudar matemática às 6 horas da manhã, não é?” Se estudamos, “o Senhor nos ajuda em nossos exames, e se vamos ao seminário, Ele nos ajuda ainda mais”, testifica Cameron.
Evidentemente, o seminário ajudou Cameron a fortalecer seu testemunho também. Ele conta: “O início de meu testemunhou veio do programa do seminário. Quando eu tinha apenas quatorze anos, estava realmente tendo dificuldades com o evangelho. Eu não gostava de ir à Igreja e comecei a fazer coisas que não deveria. Era apenas uma questão de meses para que eu desistisse completamente”. Mas quando uma amiga convidou Cameron para frequentar o seminário, ele decidiu ir com ela. Depois, as bênçãos realmente começaram a chegar.
“Comecei a sentir o Espírito de novo”, conta Cameron. “Comecei a prestar mais atenção na Igreja e a frequentar a Escola Dominical e as aulas do sacerdócio. Tornou-se mais fácil, e comecei a me sentir mais feliz. Por fim, adquiri o meu próprio testemunho do evangelho.” Depois de dois meses de seminário, Cameron conversou com o bispo e foi ordenado mestre no Sacerdócio Aarônico.
Cameron sabe que o seminário o ajuda a permanecer forte contra as tentações do mundo. “À medida que continuei a fazer o seminário”, lembra ele, “descobri que era mais fácil lidar com os desafios que o mundo nos apresenta. É bem difícil ser jovem no mundo em que vivemos. O pecado nos cerca por todos os lados. Testifico a vocês que se frequentarem o seminário, encontrarão forças para defender-se contra isso. O seminário cria um escudo espiritual para proteger-nos. Muitas provações e tentações foram colocadas em meu caminho, e o seminário foi uma imensa ajuda para manter-me no caminho estreito e apertado.”

Fortalecer Uns aos Outros

O seminário também permite que você se reúna com outros adolescentes que compartilham suas crenças. Vika Chelyshkova, da Rússia, diz: “Sinto-me inspirada por pessoas que pensam como eu e que possuem padrões morais semelhantes e que acreditam em Deus como eu”. Ela acrescenta: “Se tenho dúvidas, posso discuti-las com meu professor do seminário e com os colegas. Posso compartilhar meus pensamentos e meu testemunho com outros para fortalecer a minha própria fé e a deles. Ao lermos as escrituras juntos e ponderarmos seu conteúdo espiritual, sentimo-nos mais próximos de Deus e uns dos outros”.
Ksenia Goncharova, da Ucrânia, vê resultados semelhantes. Ela diz: “Quando compartilhamos nossas experiências pessoais uns com os outros, tornamo-nos mais fortes e compreendemos melhor as escrituras. Quando conversamos sobre exemplos de nossa vida durante as aulas, vejo como o evangelho funciona em minha vida e na vida de outras pessoas”.

Conhecer o Pai Celestial e Jesus Cristo

Foi perguntado recentemente a um grupo de jovens como o seminário os abençoou. Suas respostas revelam um tema principal: o seminário os ajuda a achegarem-se ao Pai Celestial e ao Salvador. O Élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou: “Todos os tópicos que vocês estudam no seminário são importantes. A cada ano, ao concentrarem-se em um dos livros de escrituras, o enfoque central é o Senhor Jesus Cristo”.9
Eis o que vários adolescentes disseram sobre como o seminário os aproximou de Jesus Cristo.
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    “Aprendi o que o Salvador fez por mim, lendo todos esses relatos dos vários profetas e compreendendo como eu sou importante para Ele. Dei-me conta de que Ele me amou o suficiente para morrer e sofrer por minhas dores.”
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    “O seminário é um ótimo modo de começar o dia. Por mais cansado que esteja, sinto o Espírito e sinto-me fortalecido para que quando surgirem coisas difíceis durante o dia eu saiba sem sombra de dúvida que o Salvador me ama, e me sentirei mais confiante para defender o que é certo.”
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    “Sou convertido à Igreja. Comecei a ir ao seminário antes mesmo de ser batizado. Sem o seminário, não sei se chegaria a ter sido batizado. Sem o seminário, não teria o Salvador em minha vida agora nem saberia que posso ser perdoado de meus pecados. Na verdade, eu nunca tivera o Pai Celestial ou Jesus Cristo em minha vida. O seminário me ajudou a encontrá-Los e tê-Los para sempre como parte de minha vida e da vida de meus futuros filhos.”
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    “A frequência diária ao seminário me ajudou a aproximar-me do Senhor e Salvador Jesus Cristo, aprendendo sobre Seus ensinamentos, Seu grande amor por mim, e como posso voltar a viver com Ele.”
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    “Quando estou no seminário, encontro um significado mais profundo nas escrituras. Ele me ajuda a lembrar todas as manhãs de ser mais semelhante a Cristo em meus afazeres diários.”
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    “O seminário me ensinou a ler as escrituras e não apenas desfrutá-las para encontrar aplicação no texto. Aprendi doutrinas e princípios que ajudaram a fortalecer meu testemunho de um Pai Celestial amoroso e de Jesus Cristo, que vou levar comigo por todo o resto de minha vida.”
Com tantas bênçãos que advêm da frequência ao seminário, é fácil ver por que os jovens do mundo inteiro estão fazendo dele uma prioridade em sua programação diária.

Uma Bênção Que Dura a Vida Inteira

Élder L. Tom Perry
“Há muitos anos, tive o privilégio de dar aulas para uma classe do seminário diário. A aula era dada entre 6h30 e 7h30 da manhã nos dias de semana. Durante dois anos, vi alunos sonolentos tropeçarem para dentro da sala de aula, desafiando o professor a acordá-los. Após a oração e um pensamento inspirador, via mentes brilhantes se reavivarem, para ampliarem seu conhecimento das escrituras. A parte mais difícil da aula era terminar o debate a tempo de todos irem à escola. Com o passar do ano letivo, vi cada um dos alunos ganhar mais confiança, fazer amizades mais sólidas e desenvolver o testemunho do evangelho.
Faz alguns anos, eu estava num supermercado de uma cidade próxima daqui, quando ouvi alguém me chamar. Virei-me e cumprimentei dois de meus ex-alunos do seminário. Eram agora marido e mulher. Apresentaram-me seus quatro lindos filhos. Na conversa, fiquei surpreso com o número de colegas do seminário com quem eles ainda mantinham contato, depois de tantos anos. Isso era a prova de um vínculo especial que surgiu nas aulas matutinas do seminário.”
Élder L. Tom Perry, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Receber a Verdade”,A Liahona, janeiro de 1998, p. 71.

O Seminário Influenciou a Vida do Presidente Henry B. Eyring

Presidente Henry B. Eyring
Mildred Bennion foi uma das alunas da primeira classe de seminário do Seminário Granite, em 1912. Mais tarde ela se tornaria mãe do PresidenteHenry B. Eyring, Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência.
Ela compreendia a importância do seminário em sua vida e queria que seus filhos tivessem as mesmas bênçãos que ela sentiu no seminário, por isso sua família tomou uma grande decisão: “Mudamo-nos para Utah, à custa de um considerável sacrifício financeiro, para que nossos filhos pudessem frequentar os Seminários e Institutos e fazer amigos entre pessoas de nosso próprio povo. Isso deve responder à pergunta sobre meus sentimentos em relação a essas coisas” (citado em C. Coleman,History of Granite Seminary, p. 142).
A importância da educação da Igreja continuou na família Eyring, quando o Presidente Henry B. Eyring tornou-se, em 1971, reitor do Ricks College (hoje BYU–Idaho), uma faculdade da Igreja, e serviu como Comissário de Educação da Igreja de 1980 a 1985 e novamente de 1992 a 2005.

A História do Seminário

Eis uma breve visão de como o seminário cresceu ao longo dos anos.
1888: O Presidente Wilford Woodruff supervisiona a formação da Junta Educacional da Igreja para dirigir o trabalho educacional da Igreja, que incluía cursos de religião fora do horário escolar.
1912: Organização das primeiras classes de seminário em horário escolar, com um total de 70 alunos que reservavam um período de aula do ensino médio para frequentar o seminário. As aulas eram dadas do outro lado da rua, em frente da Escola Granite High School, em Salt Lake City, Utah, EUA.
1925: O total de matrículas chega a 10.000 alunos.
1948: O seminário chega ao Canadá, o primeiro país fora dos Estados Unidos a ter o seminário.
1950: Organização de classes do seminário diário (anteriormente chamado de “seminário matutino”) na Califórnia, onde os alunos se reuniam em capelas da Igreja antes do horário de início das aulas na escola.
1958: O total de matrículas chega a 50.000 alunos.
1958: O seminário chega à América Central, começando primeiramente no México.
1962: O seminário chega à Europa, começando primeiramente na Finlândia e na Alemanha.
1963: O seminário chega à Ásia, começando primeiramente no Japão.
1965: O total de matrículas chega a 100.000 alunos.
1967: Lançamento do seminário do lar nas comunidades rurais, nas quais os alunos estudam em casa quatro dias por semana e se reúnem em um dia a cada semana.
1968: O seminário chega à Austrália.
1969: O seminário chega à América do Sul, começando primeiramente no Brasil.
1972: O seminário chega à África, começando primeiramente na África do Sul.
1983: O total de matrículas chega a 200.000 alunos.
1991: O total de matrículas chega a 300.000 alunos.
2012: Disponível em 134 países e territórios espalhados pelo mundo inteiro, com cerca de 370.000 alunos matriculados.

ÉLDER DAVID A. BEDNAR - A Expiação e a Jornada da Mortalidade

A Expiação e a Jornada da Mortalidade

Extraído de um discurso devocional proferido na Universidade Brigham Young em 23 de outubro de 2001. Para acessar o texto na íntegra, em inglês, visite o site speeches.byu.edu.

David A. Bednar
O poder capacitador da Expiação nos fortalece para que façamos o bem, sejamos bons e sirvamos muito além de nossa própria vontade e capacidade natural.
O grande objetivo do evangelho do Salvador foi resumido sucintamente pelo Presidente David O. McKay (1873–1970): “O propósito do evangelho é (…) tornar os homens maus bons, e tornar os homens bons melhores, e mudar a natureza humana”.1 Assim, a jornada da mortalidade é progredir de maus para bons, e de bons para melhores, e passar por uma vigorosa mudança no coração — passar por uma mudança em nossa natureza decaída (ver Mosias 5:2).
O Livro de Mórmon é nosso manual de instruções, ao viajarmos pelo caminho que nos leva de maus a bons, e de bons para melhores, e ao nos esforçarmos para passar por uma mudança no coração. O rei Benjamim ensinou sobre a jornada da mortalidade e o papel da Expiação para navegarmos com sucesso nessa jornada: “Porque o homem natural é inimigo de Deus e tem-no sido desde a queda de Adão e sê-lo-á para sempre; a não ser que ceda ao influxo do Santo Espírito e despoje-se do homem natural e torne-se santo pela expiação de Cristo, o Senhor” (Mosias 3:19; grifo do autor).
Chamo sua atenção para duas frases específicas. Primeiro — “despoje-se do homem natural”. Nossa jornada de maus para bons é o processo de despojar-nos do homem ou mulher natural que existe em cada um de nós. Na mortalidade, todos somos tentados na carne. Os próprios elementos dos quais nosso corpo foi criado são de natureza decaída e estão sempre sujeitos à influência do pecado, da corrupção e da morte. Mas podemos aumentar nossa capacidade de sobrepujar os desejos da carne e as tentações “pela expiação de Cristo”. Quando cometemos erros, como quando transgredimos e pecamos, podemos arrepender-nos e tornar-nos limpos por meio do poder redentor da Expiação de Jesus Cristo.
Segundo — “torne-se santo”. Essa frase descreve a continuação e a segunda fase da jornada da vida para tornar “os homens bons em melhores” ou, em outras palavras, tornarem-se santos. Essa segunda parte da jornada, esse processo de passar de bom para melhor, é um tópico sobre o qual não estudamos ou ensinamos com suficiente frequência nem compreendemos adequadamente.
Suspeito que muitos membros da Igreja estejam mais bem familiarizados com a natureza do poder redentor e purificador da Expiação do que estão com o seu poder fortalecedor e capacitador. Uma coisa é saber que Jesus Cristo veio à Terra para morrer por nós — isso é fundamental e básico para a doutrina de Cristo. Mas também precisamos ser gratos pelo fato de o Senhor desejar, por meio de Sua Expiação e pelo poder do Espírito Santo,viver em nós — não apenas para nos dirigir, mas também para nos capacitar.
A maioria de nós sabe que quando fazemos coisas erradas, precisamos de ajuda para vencer os efeitos do pecado em nossa vida. O Salvador pagou o preço e possibilitou que nos tornássemos limpos por meio de Seu poder redentor. A maioria de nós compreende claramente que a Expiação é para os pecadores. Não tenho certeza, porém, se sabemos e compreendemos que a Expiação também é para os santos — para os homens e mulheres bons que são obedientes, dignos e conscienciosos e que se esforçam para tornarem-se melhores e para servir mais fielmente. Podemos erroneamente acreditar que precisamos fazer a jornada de bons para melhores e para tornar-nos santos sozinhos, por meio da força de vontade, do esforço próprio, da disciplina, e com nossa obviamente limitada capacidade.
O evangelho do Salvador não se refere simplesmente a evitar o mal em nossa vida. Também se refere essencialmente a fazermos o bem e a nos tornarmos bons. E a Expiação nos ajuda a vencer e evitar o mal e fazer o bem e tornar-nos bons. A ajuda do Salvador está disponível para toda a jornada da mortalidade: de maus para bons, de bons para melhores, e para mudar nossa própria natureza.
Não estou sugerindo que os poderes de redenção e capacitação da Expiação sejam separados e distintos. Na verdade, essas duas dimensões da Expiação estão conectadas entre si e são complementares. Ambas precisam funcionar durante todas as fases da jornada da vida. E é eternamente importante para todos nós reconhecer que ambos os elementos essenciais da jornada da mortalidade — tanto o processo de despojar-nos do homem natural quanto o de tornar-nos santos, tanto vencer o mal quanto tornar-nos bons — são alcançados por meio do poder da Expiação. A força de vontade individual, a determinação e a motivação pessoais, o planejamento eficaz e o estabelecimento de metas são coisas necessárias, mas no final serão insuficientes para que completemos triunfantemente esta jornada mortal. Verdadeiramente precisamos confiar nos “méritos e misericórdia e graça do Santo Messias” (2 Néfi 2:8).

A Graça e o Poder Capacitador da Expiação

“No Dicionário Bíblico aprendemos que a palavra graça frequentemente é usada nas escrituras para referir-se a um poder que nos fortalece e coloca certas coisas ao nosso alcance:
“[Graça é] uma palavra que ocorre com frequência no Novo Testamento, especialmente nos escritos de Paulo. ‘O significado principal da palavra refere-se aos meios divinos pelos quais recebemos ajuda ou forçasconcedidas pela imensa misericórdia e amor de Jesus Cristo.
É pela graça do Senhor Jesus Cristo, devido ao Seu sacrifício expiatório, que a humanidade ganhará a imortalidade, significando que toda pessoa receberá seu corpo de volta para viver eternamente. Da mesma forma, é pela graça do Senhor que os indivíduos, pela fé no sacrifício de Jesus Cristo e no arrependimento de seus pecados, recebem força e ajuda para fazer boas obras, o que não conseguiriam se tivessem que agir sozinhos. Essa graça é um poder que permite a homens e mulheres ganharem a vida eterna e a exaltação depois de fazerem todos os esforços que estiverem a seu alcance.2
A graça é o auxílio divino ou a ajuda de Deus que cada um de nós necessita desesperadamente para qualificar-se para entrar no reino celestial. Portanto, o poder capacitador da Expiação nos fortalece para fazer o bem e ser bons e para servir além de nosso próprio desejo individual e capacidade natural.
Em meu estudo pessoal das escrituras, frequentemente insiro o termo “poder capacitador” toda vez que encontro a palavra graça. Considerem, por exemplo, este versículo que todos conhecemos muito bem: “Sabemos que é pela graça que somos salvos, depois de tudo o que pudermos fazer” (2 Néfi 25:23). Creio que podemos aprender muito sobre esse aspecto vital da Expiação se inserirmos a expressão “poder capacitador e fortalecedor” toda vez que encontrarmos a palavra graça nas escrituras.

Ilustrações e Implicações

A jornada da mortalidade é ir de mau para bom e de bom para melhor e fazer com que nossa própria natureza seja mudada. O Livro de Mórmon está repleto de exemplos de discípulos e profetas que sabiam, compreendiam e foram transformados pelo poder capacitador da Expiação ao fazerem essa jornada. Ao compreendermos melhor esse poder sagrado, nossa perspectiva do evangelho será imensamente ampliada e enriquecida. Essa perspectiva vai mudar-nos de um modo extraordinário.
Néfi é um exemplo de alguém que conhecia, compreendia e confiava no poder capacitador do Salvador. Relembrem que os filhos de Leí tiveram que voltar para Jerusalém para convidar Ismael e sua família para unir-se à causa deles. Lamã e outros do grupo que viajavam com Néfi de Jerusalém de volta para o deserto se rebelaram, e Néfi exortou seus irmãos a terem fé no Senhor. Foi nesse ponto de sua jornada que os irmãos de Néfi o amarraram com cordas e planejaram sua destruição. Prestem atenção à oração de Néfi: “Ó Senhor, de acordo com minha fé em ti, livra-me das mãos de meus irmãos; sim, dá-me forças para romper estas cordas com que estou amarrado” (1 Néfi 7:17; grifo do autor).
Sabem pelo que eu provavelmente teria orado se eu tivesse sido amarrado por meus irmãos? “Por favor, tira-me desta situação difícil AGORA MESMO!” Para mim, é particularmente interessante ver que Néfi não orou para que sua situação mudasse. Em vez disso, orou para ter forças para mudar suas circunstâncias. E creio que ele orou dessa maneira precisamente porque conhecia, compreendia e vivenciara o poder capacitador da Expiação.
Não creio que as cordas com que Néfi foi amarrado simplesmente caíram magicamente de suas mãos e seus punhos. Em vez disso, suspeito que ele foi abençoado tanto com persistência e força pessoal superior a sua capacidade natural, para que ele então “com a força do Senhor” (Mosias 9:17) trabalhasse, torcesse e forçasse as cordas, até por fim literalmente conseguir rompê-las.
A implicação desse relato para cada um de nós é muito direta. À medida que passamos a compreender e a aplicar o poder capacitador da Expiação em nossa vida pessoal, vamos orar e buscar forças para mudar nossa situação, em vez de orar pedindo que nossa situação seja mudada. Vamos tornar-nos agentes que atuam em vez de objetos que recebem a ação (ver2 Néfi 2:14).
Examinemos o exemplo que lemos no Livro de Mórmon, quando Alma e seu povo foram perseguidos por Amulon. A voz do Senhor veio àquelas pessoas boas em sua aflição e declarou:
“E também aliviarei as cargas que são colocadas sobre vossos ombros, de modo que não as podereis sentir sobre vossas costas.
E aconteceu que as cargas impostas a Alma e seus irmãos se tornaram leves; sim, o Senhor fortaleceu-os para que pudessem carregar seus fardos com facilidade; e submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor” (Mosias 24:14–15; grifo do autor).
O que mudou nesse relato? Não foram as cargas que mudaram. Os desafios e as dificuldades da perseguição não foram imediatamente removidos do povo. Mas Alma e seus seguidores foram fortalecidos, e sua capacidade e forças aumentadas tornaram as cargas que levavam mais leves de carregar. Aquelas boas pessoas foram capacitadas pela Expiação para atuar como agentes e mudar sua situação. E “com a força do Senhor” Alma e seu povo foram então conduzidos para a segurança da terra de Zaraenla.
Vocês podem justificadamente se perguntar: “O que torna o relato de Alma e seu povo um exemplo do poder capacitador da Expiação?” A resposta está na comparação entre Mosias 3:19 e Mosias 24:15.
“E despoje-se do homem natural e torne-se santo pela expiação de Cristo, o Senhor; e torne-se como uma criança, submisso, manso, humilde, paciente, cheio de amor, disposto a submeter-se a tudo quanto o Senhorachar que lhe deva infligir, assim como uma criança se submete a seu pai” (Mosias 3:19; grifo do autor).
Ao progredirmos na jornada da mortalidade de maus para bons e de bons para melhores, ao despojar-nos do homem ou da mulher natural que há em cada um de nós, e ao esforçar-nos para tornar-nos santos e sentir uma mudança em nossa própria natureza, então os atributos detalhados neste versículo cada vez mais descreverão o tipo de pessoa que estamos nos tornando. Vamos tornar-nos mais semelhantes a uma criança, mais submissos, mais pacientes e mais dispostos a nos submeter.
Agora comparem as características vistas em Mosias 3:19 com as usadas para descrever Alma e seu povo: “E submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor” (Mosias 24:15; grifo do autor).
Considero marcantes os paralelos traçados entre os atributos descritos nesses versículos, sendo eles uma indicação de que o bom povo de Alma estava tornando-se melhor por meio do poder capacitador da Expiação de Cristo, o Senhor.
Relembrem a história de Alma e Amuleque, que está em Alma 14. Naquela ocasião, muitos santos fiéis foram mortos pelo fogo, e aqueles dois servos do Senhor tinham sido aprisionados e espancados. Ponderem esta súplica feita por Alma ao orar na prisão: “Dá-nos forças, ó Senhor, de acordo com nossa fé em Cristo, para que sejamos libertados” (Alma 14:26; grifo do autor).
Neste versículo novamente vemos a compreensão e a confiança de Alma no poder capacitador da Expiação ilustrada por seu pedido. E observem o resultado dessa oração:
“E eles [Alma e Amuleque] arrebentaram as cordas com que estavam amarrados; e quando o povo viu isto, começou a fugir, pois o temor da destruição caíra sobre eles.
E Alma e Amuleque saíram ilesos da prisão, porque o Senhor lhes havia concedido poder segundo sua fé em Cristo” (Alma 14:26, 28; grifo do autor).
Novamente o poder capacitador fica evidente quando aquelas boas pessoas lutaram contra o mal e se esforçaram para tornarem-se ainda melhores e a servir mais eficazmente “com a força do Senhor”.
Outro exemplo do Livro de Mórmon é muito instrutivo. Em Alma 31, Alma está dirigindo uma missão para resgatar os zoramitas apóstatas, que, depois de construírem seu Rameumptom, ofereciam uma oração decorada e orgulhosa.
Observem a súplica por forças na oração pessoal de Alma: “Ó Senhor,concede-me forças para suportar com paciência essas aflições que sofrerei por causa da iniquidade deste povo” (Alma 31:31; grifo do autor).
Alma também ora para que seus companheiros missionários recebam uma bênção semelhante: “Concede-lhes forças para suportarem as aflições que lhes advirão por causa das iniquidades deste povo” (Alma 31:33; grifo do autor).
Alma não orou para que suas aflições fossem removidas. Ele sabia que era um agente do Senhor e orou para ter a capacidade de agir e influir em sua situação.
O ponto-chave desse exemplo está contido no versículo final de Alma 31:“[O Senhor] deu-lhes força para que não padecessem qualquer espécie de aflição que não pudesse ser sobrepujada pela alegria em Cristo. Ora, isso aconteceu por causa da oração de Alma; e isto porque havia orado com fé” (versículo 38; grifo do autor).
As aflições não foram removidas. Mas Alma e seus companheiros foram fortalecidos e abençoados por meio do poder capacitador da Expiação, de modo “que não padecessem qualquer espécie de aflição que não pudesse ser sobrepujada pela alegria em Cristo”. Que bênção maravilhosa! E que lição, que cada um de nós deve aprender!
Os exemplos do poder capacitador não se encontram apenas nas escrituras. Daniel W. Jones nasceu em 1830, no Missouri, e filiou-se à Igreja na Califórnia em 1851. Em 1856, participou do resgate das companhias de carrinhos de mão que estavam impedidas de prosseguir por causa de fortes nevascas. Depois que o grupo de resgate encontrou os santos aflitos, proveu o alívio imediato que puderam oferecer e cuidou para que os doentes e debilitados fossem transportados para Salt Lake City, Daniel e vários outros rapazes se ofereceram para ficar e proteger os pertences da companhia. O alimento e os suprimentos deixados com Daniel e seus companheiros eram escassos e rapidamente foram consumidos. A seguinte citação do diário pessoal de Daniel Jones descreve o que aconteceu em seguida.
“A caça logo se tornou tão escassa que não conseguíamos abater nada. Consumimos toda a carne magra, que deixaria qualquer um faminto. Por fim, acabou tudo, nada restando além de couro cru. Experimentamos comê-lo. Cozinhamos e comemos uma grande porção dele sem qualquer preparo, e todo o grupo passou mal.
As coisas pareciam sombrias, porque nada restava a não ser alguns pedaços de couro cru tirados do gado que morrera de fome. Pedimos ao Senhor que nos orientasse quanto ao que fazer. Os irmãos não reclamaram, mas sentiram que deviam confiar em Deus. (…) Por fim, tive a inspiração de como preparar aquilo e aconselhei a companhia, explicando-lhes como cozinhá-lo, dizendo que eles deviam chamuscar e raspar o pelo antes, porque isso tendia a eliminar e purificar o gosto ruim que lhe dava o cozimento. Depois de raspar, cozinhe por uma hora com bastante água e jogue fora a água na qual se extraiu a cola, depois lave e raspe cuidadosamente o couro, enxaguando com água fria, e então cozinhe até ficar gelatinoso e deixe esfriar, e depois coma polvilhado com um pouco de açúcar. Tudo isso dava um trabalho considerável, mas pouco mais havia para fazer, e era melhor do que morrer de fome.
Pedimos ao Senhor que abençoasse o nosso estômago e o adaptasse àquele alimento. (…) Ao prová-lo dessa vez todos pareceram saborear o banquete. Estávamos três dias sem comer, antes de fazermos a segunda tentativa. Desfrutamos aquela suntuosa refeição por cerca de seis semanas.”3
Naquelas circunstâncias, provavelmente eu teria orado pedindo outra coisa para comer: “Pai Celestial, por favor, envia-me uma codorniz ou um búfalo”. Talvez não me tivesse ocorrido orar pedindo que meu estômago fosse fortalecido e adaptado para o alimento que tínhamos. O que Daniel W. Jones conhecia? Conhecia o poder capacitador da Expiação de Jesus Cristo. Ele não orou para que suas circunstâncias fossem mudadas. Orou para ser fortalecido a fim de lidar com suas circunstâncias. Assim como Alma e seu povo, Amuleque e Néfi foram fortalecidos, Daniel W. Jones teve a visão espiritual para saber o que pedir naquela oração.
O poder capacitador da Expiação de Cristo nos fortalece para fazermos coisas que jamais faríamos por nós mesmos. Às vezes me pergunto se em nosso mundo moderno de facilidades — em nosso mundo de fornos de micro-ondas, telefones celulares, carros com ar-condicionado e lares confortáveis — sequer chegamos a reconhecer nossa dependência diária do poder capacitador da Expiação.
Minha mulher é uma pessoa extraordinariamente fiel e competente, e aprendi com ela importantes lições sobre o poder fortalecedor ao ver seu sereno exemplo. Observei-a perseverar ao sofrer continuamente de severos enjoos matinais, literalmente passando mal todos os dias por oito meses, durante cada uma de suas três gestações. Oramos juntos para que ela fosse abençoada, mas o desafio nunca foi removido. Em vez disso, foi-lhe permitido suportar fisicamente o que ela não conseguiria fazer com suas próprias forças. Ao longo dos anos, também observei como ela foi magnificada para lidar com a zombaria e o desprezo provindos de uma sociedade secular quando uma mulher santo dos últimos dias atende aos conselhos proféticos e faz da família e da criação dos filhos suas mais altas prioridades. Agradeço e presto tributo a Susan por ajudar-me a aprender essas lições inestimáveis.

O Salvador Sabe e Compreende

Em Alma, capítulo 7, aprendemos como e por que o Salvador é capaz de prover o poder capacitador:
“E ele seguirá, sofrendo dores e aflições e tentações de toda espécie; e isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dorese as enfermidades de seu povo.
“E tomará sobre si a morte, para soltar as ligaduras da morte que prendem o seu povo; e tomará sobre si as suas enfermidades, para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, segundo a carne, para que saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas enfermidades” (Alma 7:12).
O Salvador sofreu não apenas por nossas iniquidades, mas também pelas desigualdades, injustiças, dor, angústia e sofrimento emocional que com tanta frequência nos afligem. Não há dor física, angústia da alma, sofrimento do espírito, enfermidade ou fraqueza que sentimos durante nossa jornada mortal que o Salvador não tenha sentido antes. Todos nós, em um momento de fraqueza, podemos exclamar: “Ninguém compreende. Ninguém sabe”. Talvez nenhum ser humano saiba. Mas o Filho de Deus sabe e compreende perfeitamente, porque sentiu e tomou sobre Si nossas cargas antes que as vivenciássemos. E por ter pagado o preço final e tomado sobre Si a carga, Ele tem perfeita empatia e pode estender-nos Seu braço de misericórdia nas muitas fases de nossa vida. Ele pode estender a mão, tocar, socorrer — literalmente correr para nós — e fortalecer-nos para que sejamos mais do que jamais poderíamos ser e ajudar-nos a fazer o que jamais poderíamos fazer se dependêssemos apenas de nossa própria capacidade.
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28–30).
Declaro meu testemunho e minha gratidão pelo infinito e eterno sacrifício do Senhor Jesus Cristo. Sei que o Salvador vive. Vivenciei tanto Seu poder redentor quanto Seu poder capacitador e testifico que esses poderes são reais e estão ao alcance de cada um de nós. De fato, “com a força do Senhor” podemos fazer e vencer todas as coisas, ao prosseguirmos com firmeza em nossa jornada da mortalidade.